quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Chimamanda Adichie: O perigo de uma única história - Parte 1


Acredito ser necessário refletir sobre o que "ensinamos" aos nossos (as ) "alunos (as)"...bem como a concepção sobre nós mesmos, nossa cultura, costumes, discursos, tradições etc.
Esse vídeo é incrível para começar a ajudar-nos a pensar sobre isso...
Nos possibilita uma ampla consciência sobre o que é a ótica do colonizador, do dominador. E buscar compreender as riquezas e avanços dos povos que construiram e reconstruiram suas histórias na contramão da história dominante é revolucionar nossa prática.

 Em breve postarei a parte 2.

Desejo que se deliciem, se alimentem e experimentem profundamente essa REFLEXÃO!
Abraços amigas (os)!

É... SER PROFESSORA! SER PROFESSOR!

O QUE PROFESSAMOS, PROFESSORAS E PROFESSORES?
                            
Sua tarefa é cuidar que o aluno aprenda. Sua glória é o aluno que sabe pensar.” (Pedro Demo)

O verdadeiro professor defende os seus alunos contra a sua própria influência.” (Amos Alcott)

O professor é aquele que faz brotar duas idéias onde antes só havia uma.” (Elbert Hubbard)

O professor se liga à eternidade. Ele nunca sabe quando cessa a sua influência.” (Henry Adams)

Melhor professor nem sempre é o de mais saber e, sim, aquele que, modesto, tem a faculdade de manter o respeito e a disciplina da classe.” (Cora Coralina)

Será?
Vamos pensar, amigos(as)!

          Quantas vezes você já ouviu falar sobre a importância de valorizar a capacidade de pensar? De preparar alguém para questionar a realidade, de unir teoria e prática? De conhecer e valorizar o aluno? De respeitar os ritmos e os processos de aprendizagem? De refletir sobre como se aprende? De compartilhar?     
         De avaliar para motivar um novo objetivo? De observar, identificar e propor em função das necessidades? Da preocupação de incluir?
         Claro que você já percebeu que a nossa homenagem é para todos os professores: profissionais que buscam, diariamente, o melhor para o ser humano. São eles que, indiferentes às diferenças, não procuram classificar melhores e piores, mas fazer com que todos aprendam. Para isso, diversificam o planejamento.         
        Os alunos são respeitados em sua individualidade e podem observar seus progressos em relação a si próprios, dentro do ritmo de aprendizagem de cada um.

contribuição da Editora Bicho Esperto.

domingo, 26 de setembro de 2010

Sociedade do conhecimento ou sociedade das ilusões?



A contribuição de Newton Duarte nesse texto é de extrema relevância para compreendermos como existem estratégias educacionais enunciadas em nossos tempos: o aligeiramento dos conteúdos disciplinares e dos próprios cursos oferecidos para a formação de professores em nosso país, as medidas paliativas em nossa política educacional, projetos educacionais elaborados e pensados por uns (distantes da realidade) e excecutados por outros (divisão social do trabalho) etc. Isso se traduz em fragmentação e minimização do conhecimento produzido historicamente pela humanidade, pois, sem dúvida é um projeto de negação do Conhecimento e fortalecimento do caráter ideológico-fatalista da educação que visa manipular as consciências de nossos alunos (as), em formação. E isso é extremamente perigoso, principalmente se o (a) professor(a) não tem uma leitura ampla e emancipatória do seu fazer docente.

Boa Leitura, amigos(as)! 

(...)
Primeira Ilusão:
O conhecimento nunca esteve tão acessível como hoje, isto é, vivemos numa sociedade na qual o acesso ao conhecimento foi amplamente democratizado pelos meios de comunicação, pela informática, pela Internet etc.
Segunda Ilusão:
A capacidade para lidar de forma criativa com situações singulares no cotidiano ou, como diria Perrenoud, a habilidade de mobilizar conhecimentos, é muito mais importante que a aquisição de conhecimentos teóricos, especialmente nos dias de hoje, quando já estariam superadas as teorias pautadas em metanarrativas, isto é, estariam superadas as tentativas de elaboração de grandes sínteses teóricas sobre a história, a sociedade e o ser humano.
Terceira Ilusão:
O conhecimento não é a apropriação da realidade pelo pensamento mas sim uma construção subjetiva resultante de processos semióticos intersubjetivos nos quais ocorre uma negociação de significados. O que confere validade ao conhecimento são os contratos culturais, isto é, o conhecimento é uma convenção cultural.
Quarta Ilusão:
Os conhecimentos têm todos o mesmo valor, não havendo entre eles hierarquia quanto à sua qualidade ou quanto ao seu poder explicativo da realidade natural e social.
Quinta Ilusão:
O apelo à consciência dos indivíduos, seja através das palavras, seja através dos bons exemplos dados por outros indivíduos ou por comunidades, constitue o caminho para a superação dos grandes problemas da humanidade. Essa ilusão contém uma outra, qual seja, a de que esses grandes problemas existem como conseqüência de determinadas mentalidades. As concepções idealistas da educação apóiam-se todas nessa ilusão. É nessa direção que são tão difundidas atualmente pela mídia certas experiências educativas tidas como aquelas que estariam criando um futuro melhor por meio da preparação das novas gerações. Assim, acabar com as guerras seria algo possível através de experiências educativas que cultivem a tolerância entre crianças e jovens. A guerra é vista como conseqüência de processos primariamente subjetivos ou, no máximo inter-subjetivos. Nessa direção, a guerra entre EUA e Afeganistão, por exemplo, é vista como conseqüência do despreparo das pessoas para conviverem com as diferenças culturais, como conseqüência da intolerância, do fanatismo religioso. Deixa-se de lado toda uma complexa realidade política e econômica gerada pelo imperialismo norte-americano e multiplicam-se os apelos românticos ao cultivo do respeito às diferenças culturais.
Para concluir, esclareço que tenho consciência das limitações desta apresentação. Afirmar que as idéias acima enunciadas constituem-se em ilusões da sociedade do conhecimento gera a necessidade de apresentar uma análise detalhada, bem fundamentada em teorias e em dados empíricos, de maneira a justificar tal afirmação. Não é difícil perceber que isso exigiria bem mais do que uma tarde de debates por mais rica que ela fosse. Entretanto, mesmo tendo consciência desse fato, optei por ao menos iniciar o debate usando o recurso da provocação. Essas idéias, acima apresentadas na forma de seis ilusões, têm sido tão amplamente aceitas, têm exercido um tal fascínio sobre grande parcela dos intelectuais dos dias de hoje, que o simples fato de questionar a veracidade das mesmas talvez já produza um efeito positivo, qual seja, o de fazer com que a adesão a essas idéias ou a crítica às mesmas deixe o terreno das emoções que sustentam o fascínio e a sedução e passem ao terreno da análise propriamente intelectual.
É preciso, porém, estar atento para não cair na armadilha idealista que consiste em acreditar que o combate às ilusões pode, por si mesmo, transformar a realidade que produz essas ilusões. Como escreveu Marx: “conclamar as pessoas a acabarem com as ilusões acerca de uma situação é conclamá-las a acabarem com uma situação que precisa de ilusões”. 
[1] Trabalho apresentado na Sessão Especial intitulada Habilidades e Competências: a Educação e as Ilusões da Sociedade do Conhecimento, durante a XXIV Reunião Anual da ANPED, 8 a 11 de outubro de 2001, Caxambu, M.G.
[1] Livre docente em Psicologia da Educação, UNESP, campus de Araraquara. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar no período de junho/1999 a maio/2001, reeleito para o período de junho/2001 a maio/2003. E-mail: newton.duarte@uol.com.br

O encontro dos homens e mulheres através do diálogo




Paulo Reglus Neves Freire - 1921 - 1997




O encontro dos homens e mulheres através do Diálogo
Texto do educador Paulo Freire

Não é no silêncio que os homens e mulheres se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.
Por isto o Diálogo é uma exigência existencial.
Não há Diálogo, porém, se não há um profundo amor ao mundo e aos homens e mulheres.
Não é possível a pronúncia do mundo, que é um ato de criação e recriação, se não há amor que a infunda.
Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens e mulheres, não me é possível o Diálogo.
Não há, por outro lado, o Diálogo, se não há humildade. A pronúncia do
mundo, com que os homens e mulheres o recriam permanentemente, não
pode ser um ato arrogante.
O Diálogo, como encontro dos homens e mulheres para a tarefa comum de
saber agir, rompe-se, se seus pólos (ou um deles) perdem a humildade.
Como posso dialogar, se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no
outro, nunca em mim?
Como posso dialogar, se me admito como um homem ou mulher diferente,
virtuoso por herança, diante dos outros, meros “isto”, em que não reconheço
outros eu?
Como posso dialogar, se me sinto participante de um “gueto” de homens e
mulheres puros, donos da verdade e do saber, para quem todos os que estão
fora são “essa gente”, ou são “nativos inferiores”?
Como posso dialogar, se me fecho à contribuição dos outros, que jamais
reconheço, e até me sinto ofendido com ela?
Como posso dialogar, se temo a superação e se, só em pensar nela, sofro e
definho?
A auto-suficiência é incompatível com o Diálogo. Os homens e mulheres que
não têm humildade ou a perdem, não podem aproximar-se do povo. Não
podem ser seus companheiros de pronúncia do mundo. Se alguém não é
capaz de sentir-se e saber-se tão homem ou mulher quanto os outros, é que
lhe falta ainda muito que caminhar, para chegar ao lugar de encontro com
eles. Neste lugar de encontro, não há ignorantes absolutos, nem sábios
absolutos. Há homens e mulheres que, em comunhão, buscam saber mais.
Não há também, Diálogo, se não há uma intensa fé nos homens e mulheres.
Fé no seu poder de fazer e de refazer. De criar e recriar. Fé na sua vocação
de ser mais, que não é privilégio de alguns eleitos, mas direitos dos homens
e mulheres.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Paradigmas para uma educação do presente?





Edgar Morin em Fortaleza - Ce.  

             Impressionando tanto pelo conhecimento quanto pela simplicidade, Morin começou suas palavras anunciando que falaria num misto de português com espanhol e explicando que usava chapéu por conta do clima. Tossindo e pigarreando muito, ele apresentou durante cerca de uma hora as bases do que considera os sete saberes necessários para a educação do futuro, por ele chamados de “1º- Erro e ilusão”, “2º - O conhecimento pertinente”, “3º - Ensinar a condição humana”, “4º - Identidade terrena”, “5º - Enfrentar as incertezas”, “6º - Ensinar a compreensão” e “7º- Ética do gênero humano”. “Acredito que um dos saberes, que cada vez me parece mais importante, é a compreensão humana. Compreensão em grupo, entre amigos, entre marido e mulher. Está havendo uma degradação nisso”, apontou Morin.

          Mesmo incomodado com o som e com a ausência de um tradutor, o que na maior parte do tempo tornava incompreensível as palavras de Morin, o público acompanhou atento e concentrado cada palavra que ele dizia. “Penso que é possível melhorar a condição humana”, afirmou ele antes de apontar a necessidade de aproveitar o melhor de cada cultura. “A concepção planetária há que conceber a simbiose das culturas. A simbiose do que há de melhor”. E continuou: Quando um sistema não tem mais poder de resolver seus problemas, ele se destrói e nasce um meta-sistema. É quando ocorre uma metamorfose. Acontece na natureza, como na borboleta. A vida é uma regeneração permanente”.
Fonte: Marcos Sampaio -- Jornal O POVO 22/09/2010 02:00 - Grifos meus.

Caros amigos (as), agora me dirijo a nós!

Não podemos nos contentar com apenas essa compreensão (posso está equivocada), de sermos mais humanos, mais justos, mais solidários... etc. ( parece que a gente é pouco ou sei lá). Pois, essa compreensão, com esse "mais", que sempre encontramos nos textos e nos discursos da educação básica, bem como essa suposição de que poderemos criar um meta-sistema, não arranha nem a superfície da realidade que nos cerca, que dirá a de nossos (as) alunos(as)... Cultura é cultura. E não se pode sair pinçando o que é bom daqui e dali e simplesmente fazer uma sopa eclética. Acredito que isso pode ser um tanto quanto perigoso. Concepção planetária é respeito a alteridade daquele que está diante de mim.

Mas...
Um de meus alunos me disse: "Prof., falta muito tempo pra merenda? É que lá em casa não teve almoço". (...)

Que meta-sistema irá responder essa condição humana? Sei que a teoria poderá iluminar a prática. Mas, é necessário desvelar o real. Que real? Melhorar a condição humana?
Essa história de mais isso mais aquilo... poxa, não somos! Estamos sendo a cada dia!

Ser humano é condição ontológica.
Ser solidário, justo etc. Faz parte da nossa humanidade.
Não percamos a Humanidade. 

Eu acredito é na rapaziada, que vai em frente e segura o rojão! Como é que não? (Gonzaguinha)

Um grande e afetuoso abraço.
Vamos lá! 

Professora Luciana.





quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Um Educador de seu tempo!

O Educador: Intelectual comprometido com a transformação social



Antonio Gramsci -  (Ales, 22 de janeiro de 1891Roma, 27 de abril de 1937cientista político.
 
Um conceito de Gramsci nos desafia a pensar no educador como Intelectual Orgânico. Mas, como pode isso ocorrer nesse contexto de "pós-modernidade"? Para este autor, todos somos filósofos.

       No contexto de 1845, com Marx e Engels nasce a Idelogia Alemã ( um clássico da sociologia em nossos dias), e com ela a ideia de que os intelectuais não podiam se limitar mais ao mundo das ideias e das palavras. O intelectual é: um ser, ao mesmo tempo, cientista, crítico e revolucionário.
Nascia, então, a filosofia da práxis. E, com ela, novos intelectuais politicamente comprometidos com o próprio grupo social para fazer e escrever a história, e, por isso, capazes de refletir sobre o entrelaçamento da produção material com as controvertidas práticas da reprodução simbólica.

A reflexão que não nos deixa um só dia de nossa prática é a seguinte:
Será possível, diante das contradições da vida material e imaterial, nos olharmos assim? Diante de nossos estudantes como somos? Como articulamos ideias, palavras, teorias e práticas com o mundo em que teimamos em apresentar ou representar... reproduzir, maquiar, libertar...e..." ler "?

Importante é a  perseverança ( prefiro chamar de TEIMOSIA) rsrsrsrs.
A vida exige de nós mais ternura e simplicidade.

Um grande abraço amigos (as)!!!
Um dia cheio de ternura e muita paixão!

Professora Luzinha.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Educação para além do Capital


Antonio Gramsci


O conjunto de aparências esconde outra coisa, para a qual ainda não temos nome, nem talvez conceito. Mas, poderemos tentar um caminho para decifração dos tempos em que vivemos?  Será nas pistas do legado de Antonio Gramsci, o “pequeno grande sardo”, que poderemos encontrar o caminho de sua decifração.

Começo minhas reflexões sobre uma proposta de pensar a educação para além do Capital, a partir de Antonio Gramsci, passando por alguns trechos de Karl Marx, Newton Duarte, Boaventura de Sousa Santos, Zygmunt Bauman, o grande István Meszáros e outros autores brasileiros que nos ajudarão nessa empreitada.
Vamos lá minha gente!
Vamos ler!
Vamos produzir!


Para que serve o sistema educacional – mais ainda, quando público –, se não for para lutar contra a alienação?
Para ajudar a decifrar os enigmas do mundo, sobretudo o do estranhamento de um mundo produzido pelos próprios homens?
Vivemos atualmente a convivência de uma massa inédita de informações disponíveis e uma incapacidade aparentemente insuperável de interpretação dos fenômenos.
Vivemos o que alguns chamam de “novo analfabetismo” – porque é capaz de explicar, mas não de entender –, típico dos discursos econômicos. Conta-se que um presidente, descontente com a política econômica do seu governo, chamou seu ministro de Economia e lhe disse que “queria entender” essa política. Ao que o ministro disse que “ia lhe explicar”. O presidente respondeu: “Não, explicar eu sei, o que eu quero é entender”.
A diferença entre explicar e entender pode dar conta da diferença entre acumulação de conhecimentos e compreensão do mundo. Explicar é reproduzir o discurso midiático, entender é desalienar-se, é decifrar, antes de tudo, o mistério da mercadoria, é ir para além do capital. É essa a atividade que István Mészáros chama de “contra-interiorização”, de “contraconsciência”, um processo de “transcendência positiva da autoalienação do trabalho”.
Os que lutam contra a exploração, a opressão, a dominação e a alienação – isto é, contra o domínio do capital – têm como tarefa educacional a “transformação social ampla emancipadora”.

Contribuição de Emir Sader - MST.






domingo, 19 de setembro de 2010

Conferência Internacional sobre os Sete Saberes para uma Educação do Presente

Conferência Internacional Sobre Os Sete Saberes Para Uma Educação Do Presente - De terça, 21, a sexta, 24, no Hotel Praia Centro (avenida Monsenhor Tabosa, 740 – Praia de Iracema). Ato de abertura às 9 horas, com o dr. Vincent Defourny (Unesco), o governador do Estado e os reitores da Uece e da UCB. Conferência de abertura com Edgar Morin, Os sete saberes necessários a uma educação do presente: importância e finalidade da proposta. Na quarta-feira, 22, às 19 horas, Morin recebe o título de Doutor Honoris Causa no auditório da reitoria da Uece (Universidade Estadual do Ceará).


Vale a pena conferir e debater algumas questões bem mais profundas que muitas vezes escapam a essas organizações e agências internacionais que "patrocinam as políticas educacionais no Brasil".

Luciana.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Fim à intolerância religiosa - Leonardo Boff e Dalai Lama

Fim à Intolerância religiosa!

O pluralismo religioso a muito foi aclamado pela desinstitucionalização das experiências religiosas tradicionais, ou seja, a sociedade ( especificamente a brasileira), vem sofrendo transformações profundas quanto ao acesso e a liberdade de crença e culto. Não existe espaço para a intolerância numa sociedade que se proclama: sociedade da informação, do conhecimento, da diversidade, da pluralidade  etc.
Percebemos, no entanto, que ainda teremos uma longa caminhada, pois quando pensamos que estamos prontos para o exercício do respeito às diferenças, também quanto às manifestações de crenças e experiências religiosas, nos encontramos diante da irracionalidade humana... ideias absurdas como essa que envolve pastores e políticos nos Estados Unidos, usando como referências as grandes religiões da revelação. Mais um "tiro que sai pela culatra". Que vergonha, senhoras e senhores!
É de envergonhar os adeptos... os homens e as mulheres cidadãos e cidadãs do mundo, que constróem caminhos e estão na caminhada por uma humanidade que reconhece a alteridade do Outro. Pois, na verdade, a grande sacada da mídia, é reproduzir e  nos "passar" a visão do colonizador, do poder ocidental, dos dominadores, como pensamento hegemônico. E contra essa ótica devemos seguir, para compreender que é necessário um outro e  novo olhar. Que não seja o deles! Que seja o olhar do respeito à dignidade e alteridade do ser. Será que estamos longe? O importante é não desistir no meio do caminho. A perseverança é a Mãe das grandes conquistas!
Pois é... Acredito que somente fora, bem distante do fanatismo religioso, ou o de qualquer sorte, poderemos nos olhar  e nos reconhecer iguais em nossas singularidades e diferenças!


Então? Não nos afastemos dos debates! Principalmente em nossas escolas.
Afinal, pertencemos a uma só humanidade! Moramos numa só casa e com certeza o que construirmos será nossa única sorte " no final".

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Pátria amada, BRASIL!!!

Poemas de Thiago de Melo

A Poesia alimenta a alma...

" Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã." Os versos de " Os Estatutos do Homem", poema escrito em abril de 1964 por Thiago de Mello.


Alguma poesia


1) Sugestão

Antes que venham ventos e te levem
do peito o amor - este tão belo amor,
que deu grandeza e graça à tua vida -,
faze dele, agora, enquanto é tempo,
uma cidade eterna - e nela habita.

Uma cidade, sim. Edificada
nas nuvens, não - no chão por onde vais,
e alicerçada, fundo, nos teus dias,
de jeito assim que dentro dela caiba
o mundo inteiro: as árvores, as crianças,
o mar e o sol, a noite e os passarinhos,
e sobretudo caibas tu, inteiro:
o que te suja, o que te transfigura,
teus pecados mortais, tuas bravuras,
tudo afinal o que te faz viver
e mais o tudo que, vivendo, fazes.

Ventos do mundo sopram; quando sopram,
ai, vão varrendo, vão, vão carregando
e desfazendo tudo o que de humano
existe erguido e porventura grande,
mas frágil, mas finito como as dores,
porque ainda não ficando - qual bandeira
feita de sangue, sonho, barro e cântico -
no próprio coração da eternidade.

Pois de cântico e barro, sonho e sangue,
faze de teu amor uma cidade,
agora, enquanto é tempo.
Uma cidade onde possas cantar quando o teu peito
parecer, a ti mesmo, ermo de cânticos;
onde possas brincar sempre que as praças
que percorrias, dono de inocências,
já se mostrarem murchas, de gangorras
recobertas de musgo, ou quando as relvas
da vida, outrora suaves a teus pés,
brandas e verdes já não se vergarem
à brisa das manhãs.

Uma cidade
onde possas achar, rútila e doce,
a aurora que na treva dissipaste;
onde possas andar como uma criança
indiferente a rumos: os caminhos,
gêmeos todos ali, te levarão
a uma aventura só - macia, mansa -
e hás de ser sempre um homem caminhando
ao encontro da amada, a já bem-vinda
mas, porque amada, segue a cada instante
chegando - como noiva para as bodas.

Dono do amor, és servo. Pois é dele
que o teu destino flui, doce de mando:
A menos que este amor, conquanto grande,
seja incompleto. Falte-lhe talvez
um espaço, em teu chão, para cravar
os fundos alicerces da cidade.

Ai de um amor assim, vergado ao vínculo
de tão amargo fado: o de albatroz
nascido para inaugurar caminhos
no campo azul do céu e que, entretanto,
no momento de alçar-se para a viagem,
descobre, com terror, que não tem asas.

Ai de um pássaro assim, tão malfadado
a dissipar no campo exíguo e escuro
onde residem répteis: o que trouxe
no bico e na alma - para dar ao céu.
É tempo. Faze tua cidade eterna, e nela habita:
antes que venham ventos, e te levem
do peito o amor - este tão belo amor
que dá grandeza e graça à tua vida.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Educar no contexto de uma Modernidade Líquida: saudosismo ou desafios?

Como educar face à «máquina que produz esquecimento»? (Zygmunt Bauman)
Sociólogo e filósofo polaco, Zygmunt Bauman explica ao longo da sua já vasta obra como passamos de uma «modernidade sólida» para uma «modernidade líquida», na qual a rapidez, a superficialidade e o consumismo frenético dos indivíduos em geral, e dos alunos em especial, colidem com as maneiras de ensinar e educar que estávamos habituados. Num mundo em perpétua mudança, saturado de informações, autêntica «máquina do esquecimento» ( ou, com mais rigor, de produzir esquecimento), os educadores devem inventar uma outra maneira de ensinar e aprender.

No seu estado «sólido», definitivamente superado, a modernidade tinha a obsessão da durabilidade (…) O conhecimento tinha valor pois era suposto durar, o que se verificava com a educação,uma vez que oferecia um conhecimento durável (…) Ora nós encontramos aqui o primeiro dos numerosos desafios com que se defronta a educação contemporânea. Na nossa época, uma época «moderna-fluída» as possessões duráveis, os produtos que eram supostos serem apropriados uma vez por todas e jamais substituídos, perderam a atração que tinham no passado. Era vistos outrora como um capital, e arriscam-se agora a ser encarados como dívidas (…)

Os editores das revistas de luxo pressentiram como ninguém as novas tendências: simultaneamente com as novidades «para fazer» ou «a ter», fornecem regularmente aos seus leitores conselhos sobre o que «passou de moda». (…) O consumismo não consiste hoje numa acumulação de coisas, mas no prazer efêmero que elas dão. Se assim é, então porque é que o conjunto de conhecidos obtidos na escola ou na faculdade deveriam ser exceção a essa tendência universal? No turbilhão de mudanças, o conhecimento adaptou-se a um uso instantâneo e previsto para uma única utilização: o conhecimento «pronto-a-vestir», do tipo que é oferecido pelos programas informáticos, e parece atrair a atenção geral. É assim que a ideia segundo a qual a educação é um produto, destinada a ser adquirida e conservada, está em declínio e não se fala mais da educação institucionalizada (…)

O segundo desafio que também se opõe às premissas fundamentais da educação provêm da natureza errática e essencialmente imprevisível das mudanças contemporâneas e reforça o primeiro desafio. Ao longo dos tempos, o conhecimento foi apreciado pela sua representação verídica do mundo: mas o que se passa se o mundo muda de um modo que desafia e questiona constantemente a verdade do conhecimento existente? (…)

O mundo em que vivemos hoje é visto mais como uma máquina de produzir esquecimento do que como um local para desenvolver aprendizagens (…) Numa tal espécie de mundo, a aprendizagem está destinada a ser uma corrida sem fim, logo que um objecto seja substituído e um outro começa a fazer-se notar (…) Como já observara há muito tempo Ralph Wald Emerson quando se está de patins de gelo, o segredo está na velocidade (…)

Isto tudo vai contrariar todos os aspectos da aprendizagem educativa tal como foram praticados ao longo da sua história (…)Nesse mundo, a memória era um capital: mais a memória abraçava o passado e se conservava, mais este capital se valorizava. Hoje uma tal memória aparece como potencialmente incapacitante (…) No nosso mundo volátil feito de mudanças instantâneas e erráticas, os hábitos enraizados, os quadros cognitivos sólidos e a presença de valores estáveis, que eram as finalidades últimas da educação ortodoxa, tornaram-se obstáculos. Pelo menos, eles são rejeitados pelo mercado do conhecimento, para o qual ( tal como para todos os mercados e para todas as mercadorias) a lealdade, os laços e os envolvimento a longo prazo estão obsoletos, quais obstáculos que urge desembaraçarmo-nos (…)

A questão é que muito pouco, ou mesmo nada, poderá ser remediado unicamente através da reforma das estratégias de educação, por mais engenhosa e completa que ela seja. (…) Devo insistir nisto: as atuais mudanças a que assistimos não são do mesmo gênero que as do passado. Em nenhum das épocas passadas da história da humanidade, os educadores foram confrontados com um desafio desta magnitude. Nunca nos encontramos numa situação semelhante. A arte de viver num mundo sobre-saturado de informações deve ainda ser aprendida. O mesmo se passa com a maneira como preparamos os seres humanos para essa forma de viver.

Tradução de  um texto de Zygmunt Bauman inicialmente publicado na revista Diògene, e retomado no livro «Revue Diogène:une anthologie da la vie culturelle au XXè siécle», PUF, 2005.

Girassol - Cidade Negra

O Girassol

Sejamos Girassol!

Já experimentou contemplar uma flor de girassol?
Relaxa os olhos enquanto contemplas... se alimenta desse poema.

O Meu Olhar
ALBERTO CAEIRO (Fernando Pessoa)

Guardador de Rebanhos
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,

Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

"Só sei que nada sei".

Esta é uma frase atribuída a Sócrates, quando na frente do oráculo se viu... ali... tão "cheio" de indagações sobre a vida, a morte... enfim, a existência.
Segundo Nietzsche, "é a certeza que torna louco". Dante já escrevia: "Para mim, é tão agradável duvidar quanto saber". O que é um professor que não duvida? Um ditador do cotidiano. Chaplin em O ditador. Preocupação inquietante: tomara que não seja um professor! Mas então quem? você ou eu, se não tomarmos cuidado!

Tarefa do professor - Rubem Alves

ROUPA NOVA - A Flôr da Pele e Clarear

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Tempo e existência

Vale a pena ler...

"..O agora nunca existiu. De algum modo, tudo é sempre novo, ou seja, é sempre a primeira vez que é agora. Nunca antes foi agora. 
Por outro lado, o passado, o presente e o futuro unem-se no fluir incessante a que chamamos agora. Em qualquer momento do mundo, em todas as épocas da história, o presente continua indefinidamente. A existência ocorre sempre no agora, no presente. Sempre foi agora.
... o agora é eterna novidade, a simultânea criação incessante e premanência do todo no mundo. Eis o conceito de duração, em Henri Bergson.
Assim, o presente conteria em si tudo o que já ocorreu. Assim sendo, o universo estaria em permanente criação.E a liberdade seria possível. Talvez possamos contemplar a nossa participação nessa criação incessante e contínua do real. Nesta contemplação, talvez a nossa existência adquira sentido..."