quinta-feira, 28 de abril de 2011

Pedagogia da Indignação


Luta legítima!
Única saída? Quais alternativas nos apresentam?
Hoje conversei com meus alunos(as) sobre o que é a Greve dos docentes do municipio de Fortaleza...
E a possibilidade de ser deflagrada.
Via em seus rostos, olhos arregalados, tentando compreender cada palavra que eu proferia.
Entendiam perfeitamente a indignação!
Nossa capital merece mais carinho, a começar pela a atenção dispensada à Educação de crianças e jovens; O tratamento aos docentes;
A forma de fazer política no interior das escolas;
A ausência de eleição para a equipe gestora;
São tantos vícios! Poxa vida!
E essa administração? Quem diria?!!
...

Dedico esse trecho de Paulo Freire aos amigos(as) professores(as), que não aderem, pouco compreendem, olham atravessado para aqueles(las) que se permitem desvelar a realidade da política educacional aqui em Fortaleza-Ce.

(...) Se exercer a  vontade na luta contra o que nos ameaça e oprime fosse coisa que se fizesse sem pertinaz trabalho e sem notável sacrifício, a luta contra qualquer tipo de opressão seria bem mais simples. Percebe-se facilmente a importância da vontade compondo um tecido complexo com a resistência, com a rebeldia na confrontação ou na luta contra o inimigo que, às vezes, mais do que nos espreita, nos domina. (...) seja esse inimigo a exploração capitalista, de que a ideologia fatalista embutida no discurso neoliberal é um eficaz instrumento dominante. A ideologia que fala, em face das injustiças sociais, de que  "a realidade é assim mesmo, de que as injustiças são uma fatalidade contra que nada se pode fazer" solapa e fragiliza o ânimo necessário para a briga com as drogas, não importa qual delas, destruindo a resistência do viciado ou da viciada, os deixam prostrados e indefesos.     
Pedagogia da Indignação. Cartas pedagógicas e outros escritos.

A preguiça intelectual, a ausência de amor pela luta cotidiana, a fraqueza dos ânimos...
Tudo isso se torna vício! Uma acomodação, uma ingenuidade, uma neutralidade científica que paralisa a vida de SER PROFESSORA...
Servem para deixar, a quem as tem, indefesos e prostrados, como mortos vivos.

Creio na boniteza da partilha, e no fortalecimento das pessoas. Precisamos uns dos outros...nossa humanidade é assim. Disso não poderemos escapar. Não somos ilhas! Somos GENTE!

Na ESPERANÇAS QUE AS CONQUISTAS SERÃO DE TODO(AS)!
Um forte abraço e um cheiro terno.
Professora Luciana.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Didática: Uma reflexão necessária.

Uma reflexão riquíssima!
Uma sala de aula... com certeza uma TRILHA!
"Nesses dias estivemos caminhando e descobrindo trilhas e não trilhos!"
O cotidiano da escola é movido pelo movimento didático de um(a) professor(a)
que se faz e se refaz diante de tantas histórias. Histórias humanas (minha e dele),educador e educando  travando o caminho da trilha educativa.
Qual a diferença em estarmos caminhando por uma trilha e não por um trilho?

É reconhecer que somos gente que se educa mutuamente: Ninguém educa ninguém. Os homens e mulheres se educam em multirão!
Que os caminhos, na sala de aula, são diversos e as riquezas são socializadas, modificadas, reinventadas, sem universalismos e donos da verdade.
Como avaliar um professor?

Lia um dia desses:
Olhar para a pessoa do(a) professor(a) e questionarmos sua formação...
* Sua aproximação afetiva e ética;
* Sua segurança em viajar pela epistemologia que orienta seu discurso;
* A liberdade em comunicar quem é e a que veio.

Esse caminho sem dúvida é uma Trilha!
Tem suas nuances, surpresas, percalços, "chão" cheio de obstáculos, inclinações...
A propósito: Conheces, já percorrestes uma trilha? Qual tua experiência?

...Um trilho... caminhamos sem medo, sabemos que o caminho é "certo"...
Poderíamos comparar assim: Dançar um tango ou dançar um valsa!
Distinção de movimentos, emoções, surpresas,olhares, toque, respiração...o desfecho.

A VIDA!
A SALA DE AULA! Experiências de momentos distintos? Dialeticamente tão semelhantes?

E a Didática?
Prática educativa ( teoria da "instrução" de ensino),que transforma o espaço escolar em um ambiente preenhe de possibilidades... reinventado, possível, concreto. Carregado de todas as condições objetivas e subjetivas do par educativo- o educador e o educando.

A professora cita um autor... o educando pesquisa, investiga, socializa com os demais.

O que fazer para não dispersarmos de uma didática emancipadora?
1. Alimentar uma análise sociológica sobre nossos conteúdos;
2. Aproximar-nos e adotarmos um Referencial Teórico;
3. Identidade e Densidade epistemológica.

Mas, nossa prática pode se prender em trilhos e sem dúvida será fatídica se nos distanciarmos da SIMPLICIDADE, HONESTIDADE E MATURIDADE intelectual que nos torna capazes de travar o diálogo no interior de uma sala de aula.
Peeeense!!!

Um cheiro achocolatado pra vocês, queridos e queridas!

Feliz Páscoa!!!

Luciana.

terça-feira, 19 de abril de 2011

O Encontro...

Se me possuo e se assim é...
Posso me doar ao outro.

Só podemos estabelecer um vínculo saudável com o outro (outros), se estabelecemos uma segurança em nós mesmos.
O "velho" CONHECE-TE A TI MESMO.

"Quem não se possue, quer possuir todo mundo, pois é inseguro,imaturo, não se acostumou consigo mesmo."
Então, quem assim sente, não tem controle dos afetos e vive inconsciente da necessidade de reorganizar seus afetos.
Viver o exercício de doar-se aos outros implica busca de maturidade emocional;
Dialogar com sentimentos que antes não eram vivenciados e hoje, de maneira simples ou complexa, SE REVELAM e nos tomam, exigem o reconhecimento do bem que a partilha, a comunhão, o diálogo amigo e sem interesses nos fazem.

"...
Gente formando-se, mudando, crescendo, reorientado-se, melhorando, mas, porque gente, capaz de negar os valores, de distorcer-se, de recuar, de transgredir.Não sendo superior nem inferior a outra prática profissional, a minha, que é a prática docente, exige de mim um alto nível de responsabilidade ética de que a minha própria capacitação científica faz parte. É que lido com gente. Lido, por isso mesmo, independentemente do discurso ideológico negador dos sonhos e das utopias, com os sonhos, as esperanças tímidas, às vezes, mas às vezes, fortes, dos educandos." ( ...)

Paulo Reglus Neves Freire, 1996 - Pedagogia da Autonomia.


Se nada mais ficar destas páginas, algo pelo menos ESPERAMOS, que permaneça: Nossa CONFIANÇA no povo. Nossa FÉ nos homens e na criação de um mundo em que seja menos difícil AMAR.
Paulo Freire.


Sou adepta dessa dinâmica de pensar... mas, existem mais coisas
( entrelinhas), nessas poucas linhas.
Pois, não sou somente o que vês. Sou o que escutas em minhas palavras, sentes em meu toque, vês em meu olhar...
E tudo isso depende do ENCONTRO.

Ah... o Encontro! Coisas belas se revelam no Encontro...onde a humanidade das pessoas se completa, se fala, se escuta, admite, permite, revolta-se, comunga, fere-se, cuida-se, ama-se...
São humanas!

Um beijinho carinhoso a cada um e cada uma!
Desculpe-me pelas postagens tão espaçadas de tempo...
O tempo! Ah, o tempo!
Saudades!

Luciana.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O Beijo... o Amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.

 

 

 

Um beijo

Olavo Bilac

Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior…Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!

Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto…

 

O mundo é grande

Carlos Drummond de Andrade


O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.

De  Amar se Aprende Amando


Sailor kiss - famosa foto de Alfred Eisenstaedt, no final da II Guerra Mundial







sábado, 9 de abril de 2011

ALTERIDADE: Plenitude da dignidade humana.

O que é Alteridade?



É ser capaz de apreender o outro na plenitude da sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da sua diferença. Quanto menos alteridade existe nas relações pessoais e sociais, mais conflitos ocorrem. A nossa tendência é colonizar o outro, ou partir do princípio de que eu sei e ensino para ele. Ele não sabe. Eu sei melhor e sei mais do que ele. Toda a estrutura do ensino no Brasil, criticada pelo professor Paulo Freire, é fundada nessa concepção. O professor ensina e o aluno aprende.
(Frei Beto).


__________________________________________________________________________
Outro dia estávamos conversando em sala de aula sobre "princípios" e o professor comentou: 'Cuidado com aqueles que conceituam os seus princípios particulares como sendo universais!"

Ficamos pensando e discutindo...
É mesmo muito perigoso alguém que se diz idealizador de concepções que são só suas e se arvora de que suas ideias particulares podem se "encaixar" no universo de famílias, comunidades, nações, culturas, continentes...ledo engano!
Por esse perigo a humanidade passou de maneira catastrófica: Holocausto,Auschwitz,Massacres,Guerras (frias, econômicas, culturais, religiosas...) e nos perguntamos se as ciências - em suas sistematizações -  já apontaram antídotos para o surgimento ou produção desses "salvadores" que surgem com discursos universalistas, discriminatórios, preconceituosos... Isso é muito nocivo para a construção de uma Humanidade que não poderá mais tolerar um pensamento único.

A Humanidade que buscamos construir...
_ Que possamos nos indignar contra qualquer tipo de pensamento único;
_ Não cabe qualquer tipo de intolerância ( religiosa, cultural, etnica etc);
_ A capacidade de diálogo entre os diferentes ou iguais;
_ A lembrança de que nos diferenciamos, ou como diz Pierre Bourdie, sejamos conscientes de nossa distinção... porém, que essa distinção nos favoreça o exercício de nossa racionalidade sem colonizar e escravizar o outro (sejamos escritores de uma nova história);
_ "Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem, lutar pelas diferenças sempre que a igualdade nos descaracterize."

Vivemos em um tempo em que a pluralidade de ideias, a velocidade das informações, o avanço da tecnologia, as relações sociais... tudo isso avança mais rápido que a sistematização das ciências, ou seja, a capacidade das ciências sociais para orientar a sociedade em sua trajetória humana, social e política muitas vezes vem tempos depois dos acontecimentos que afligem ou enriquecem a vida em sociedade.
Por exemplo, a criação de Leis, Normas, segundo alguns autores, tudo isso faz parte da vida social, normatizando e legalizando as relações, porém quando nos falta o respeito à ALTERIDADE de nosso semelhante ou diferente, essas Leis nos sufocam e passamos a ser indivíduos tácitos, programados, robotizados e robotizando nosso cotidiano sem nos darmos conta que existe algo anterior a Lei: Nossa condição de ser: mesma espécie, essência, fundamentos humanos, transcendência, imanência...somos pessoas humanas.

Então, onde falta o AMOR, a Lei impera! A punição é a ordem do dia!

Vejamos alguns casos no Brasil:
* Lei 9.294/96, regulamentada pelo Decreto 2.018/96, proíbe o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou de qualquer outro produto fumígero, derivado ou não do tabaco, em recinto coletivo, privado ou público, salvo em área destinada exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com arejamento conveniente;

* Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências;

* Quem descumprir as normas referentes ao transporte de criança está sujeito a penalidade prevista no artigo 168 do Código de Trânsito Brasileiro, que considera a infração gravíssima e prevê multa de R$ 191,54, sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação e a retenção do veículo até que a irregularidade seja sanada;
* Lei 10.741/2003 -  Estatuto do Idoso;

É... nós precisamos do Estado como regulador de nossas ações para que não se instale ou impere o caos!
Para que o particular não se imponha ao geral.
Porém, nos cabe muitas reflexões!

1. Para onde caminha um PAÍS que não cuida em educar seus jovens?
2. Qual o respeito que ensinamos para nossas crianças quando não aprendemos com, amamos e contemplamos nossos idosos?
3. O que semeamos quando não existe em nós uma indignação contra o flagelo de nossos jovens envolvidos nas drogas e nossas crianças sujeitas a leis (ECA, conselhos desestruturados e conselheiros inoperantes e incompetentes), que não funcionam?

________________________________________________________________________
...É meus amigos, mas, nosso pensamento é só um desabafo!
É  uma proposta a nossa reflexão diante do nosso pequeno contexto (Fortaleza, Ceará, Brasil...).
Porém, devemos agir localmente para que nossas atitudes - principalmente as que nos posssibilitam o diálogo aberto, sincero, desprovido dos universalismos - possam ecoar globalmente em comunhão com outras ideias.

Um grande abraço e um cheiro a todos e todas!
Uma semana cheia de LUZ, diálogo, enfim, HUMANIDADE!

Professora Luciana.