sábado, 9 de abril de 2011

ALTERIDADE: Plenitude da dignidade humana.

O que é Alteridade?



É ser capaz de apreender o outro na plenitude da sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da sua diferença. Quanto menos alteridade existe nas relações pessoais e sociais, mais conflitos ocorrem. A nossa tendência é colonizar o outro, ou partir do princípio de que eu sei e ensino para ele. Ele não sabe. Eu sei melhor e sei mais do que ele. Toda a estrutura do ensino no Brasil, criticada pelo professor Paulo Freire, é fundada nessa concepção. O professor ensina e o aluno aprende.
(Frei Beto).


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Outro dia estávamos conversando em sala de aula sobre "princípios" e o professor comentou: 'Cuidado com aqueles que conceituam os seus princípios particulares como sendo universais!"

Ficamos pensando e discutindo...
É mesmo muito perigoso alguém que se diz idealizador de concepções que são só suas e se arvora de que suas ideias particulares podem se "encaixar" no universo de famílias, comunidades, nações, culturas, continentes...ledo engano!
Por esse perigo a humanidade passou de maneira catastrófica: Holocausto,Auschwitz,Massacres,Guerras (frias, econômicas, culturais, religiosas...) e nos perguntamos se as ciências - em suas sistematizações -  já apontaram antídotos para o surgimento ou produção desses "salvadores" que surgem com discursos universalistas, discriminatórios, preconceituosos... Isso é muito nocivo para a construção de uma Humanidade que não poderá mais tolerar um pensamento único.

A Humanidade que buscamos construir...
_ Que possamos nos indignar contra qualquer tipo de pensamento único;
_ Não cabe qualquer tipo de intolerância ( religiosa, cultural, etnica etc);
_ A capacidade de diálogo entre os diferentes ou iguais;
_ A lembrança de que nos diferenciamos, ou como diz Pierre Bourdie, sejamos conscientes de nossa distinção... porém, que essa distinção nos favoreça o exercício de nossa racionalidade sem colonizar e escravizar o outro (sejamos escritores de uma nova história);
_ "Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem, lutar pelas diferenças sempre que a igualdade nos descaracterize."

Vivemos em um tempo em que a pluralidade de ideias, a velocidade das informações, o avanço da tecnologia, as relações sociais... tudo isso avança mais rápido que a sistematização das ciências, ou seja, a capacidade das ciências sociais para orientar a sociedade em sua trajetória humana, social e política muitas vezes vem tempos depois dos acontecimentos que afligem ou enriquecem a vida em sociedade.
Por exemplo, a criação de Leis, Normas, segundo alguns autores, tudo isso faz parte da vida social, normatizando e legalizando as relações, porém quando nos falta o respeito à ALTERIDADE de nosso semelhante ou diferente, essas Leis nos sufocam e passamos a ser indivíduos tácitos, programados, robotizados e robotizando nosso cotidiano sem nos darmos conta que existe algo anterior a Lei: Nossa condição de ser: mesma espécie, essência, fundamentos humanos, transcendência, imanência...somos pessoas humanas.

Então, onde falta o AMOR, a Lei impera! A punição é a ordem do dia!

Vejamos alguns casos no Brasil:
* Lei 9.294/96, regulamentada pelo Decreto 2.018/96, proíbe o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou de qualquer outro produto fumígero, derivado ou não do tabaco, em recinto coletivo, privado ou público, salvo em área destinada exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com arejamento conveniente;

* Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências;

* Quem descumprir as normas referentes ao transporte de criança está sujeito a penalidade prevista no artigo 168 do Código de Trânsito Brasileiro, que considera a infração gravíssima e prevê multa de R$ 191,54, sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação e a retenção do veículo até que a irregularidade seja sanada;
* Lei 10.741/2003 -  Estatuto do Idoso;

É... nós precisamos do Estado como regulador de nossas ações para que não se instale ou impere o caos!
Para que o particular não se imponha ao geral.
Porém, nos cabe muitas reflexões!

1. Para onde caminha um PAÍS que não cuida em educar seus jovens?
2. Qual o respeito que ensinamos para nossas crianças quando não aprendemos com, amamos e contemplamos nossos idosos?
3. O que semeamos quando não existe em nós uma indignação contra o flagelo de nossos jovens envolvidos nas drogas e nossas crianças sujeitas a leis (ECA, conselhos desestruturados e conselheiros inoperantes e incompetentes), que não funcionam?

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...É meus amigos, mas, nosso pensamento é só um desabafo!
É  uma proposta a nossa reflexão diante do nosso pequeno contexto (Fortaleza, Ceará, Brasil...).
Porém, devemos agir localmente para que nossas atitudes - principalmente as que nos posssibilitam o diálogo aberto, sincero, desprovido dos universalismos - possam ecoar globalmente em comunhão com outras ideias.

Um grande abraço e um cheiro a todos e todas!
Uma semana cheia de LUZ, diálogo, enfim, HUMANIDADE!

Professora Luciana.

2 comentários:

  1. Você soube colocar esta idéia de forma bem racionalizada e sabiamente consciente.
    No dia a dia, as relações humanas são permeadas de concordâncias e discordâncias. O hábito do "eu acho" e do "faz desta forma que é melhor", certamente faz parte de nossas ações. As pessoas não se dão conta do quanto interferem de modo negativo na vida dos outros quando não são capazes de compreender seus próprios sentimentos e frustrações. A questão do respeito à idéia alheia, não é nem de longe, não ter opinião formada ou medo de dizer o que pensa, e sim tão e somente uma questão de ver que existem outros olhares diferentes do meu, do seu, de todos. PRECONCEITO, existe e muito. O discurso do "eu sou mais e sei mais que você" é a mais pura expressão egoística de um ser que não é capaz de descer do seu "tijolinho" e ver que ele não é o melhor e sim, apenas mais um com idéias divergentes. E isso cabe em nossa sociedade também, na sala de aula, nas relações interpessoais, familiares...
    Parabéns pela explanação. Antes de mais nada, as pessoas precisam conhecer, para depois criticar. Não achas? PERFEITO.
    BEIJOS
    DAGUI

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  2. MUITO IMPORTANTE DISCUTIR E REFLETIR SOBRE A ETICA NOS DIAS ATUAIS. PARABENS.

    http://eticaealteridade.blogspot.com/

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