sábado, 5 de março de 2011

MULHER!







Hipátia de Alexandria

Um dos maiores ícones da inteligência feminina de todos os tempos, Hipatia de Alexandria foi uma erudita grega de marcadas tendências gnósticas, notável no estudo da matemática, da filosofia e da astronomia. Filósofa neoplatônica, estava alinhada ao pensamento da Academia de Atenas e seguia os ensinamentos da escola de Plotino.
Seu nome deriva de upatos, que significa elevada. Era filha de Theon, importante filósofo, astrônomo, matemático, autor de diversas obras e professor. Nasceu nas últimas décadas do século IV em Alexandria, e foi criada em um ambiente de ideias e filosofia. Herdou de seu pai, além do conhecimento das ciências e da matemática, a sede insaciável em buscar respostas para o desconhecido. Sob tutela e orientação paternas, submetia-se a uma rigorosa disciplina física para atingir o ideal helênico de ter a mente sã em um corpo são.

Estudou na Academia de Alexandria, onde devorava conhecimento: matemática, astronomia, filosofia, religião, poesia, artes, oratória e retórica. Na adolescência foi para Atenas completar sua educação na Academia Neoplatônica, onde logo se destacou pelos esforços para aplicar o lógica matemática ao conceito neoplatônico do Uno, a Mônada das Mônadas. Ao retornar tornou-se professora na Academia onde fizera a maior parte dos estudos, ocupando a cadeira que fora de Plotino.

Aos 30 anos já era diretora da Academia. Neste período escreveu muitas as obras, tendo entre seus alunos o notável filósofo Sinésio de Cirene, que lhe escrevia freqüentemente, pedindo-lhe conselhos. Através destas cartas, sabe-se que Hipatia desenvolveu alguns instrumentos usados na Física e na Astronomia, entre os quais o hidrômetro. Também desenvolveu estudos sobre a Álgebra de Diofanto, tendo escrito um tratado sobre o assunto, além de comentários sobre os matemáticos clássicos, incluindo Ptolomeu. Em parceria com o pai, escreveu um tratado sobre Euclides.

Famosa por ser uma grande solucionadora de problemas, os matemáticos da época costumavam escrever-lhe, solicitando auxílio; ela raramente os desapontava. Obcecada pelo processo de demonstração lógica, quando lhe perguntavam porque jamais se casara, respondia que era casada com a verdade. Ainda assim, sua vida conjugal é narrada em uma enciclopédia bizantina medieval, que a considera esposa do grande filósofo e clarividente Isidoro de Alexandria, um dos últimos filósofos neoplatônicos.

Muitos historiadores consideram Hipatia pagã, devido à carência de documentos que comprovem sua opção religiosa. Mesmo assim, era respeitada tanto por cristãos como por pagãos, tendo sido considerada pelo historiador cristão Sócrates de Constantinopla, contemporâneo de Hipatia, como um símbolo de virtude.

Nada disso, porém, impediu que a ortodoxia católica, ainda imberbe e ávida para impor limites doutrinários, acabasse se tornando o algoz desta estrela do espírito humano. A intolerância contra a ciência e as religiões pagãs crescia rapidamente. Por aqueles tempos havia sido nomeado Patriarca de Alexandria o bispo Cirilo, cristão dogmático que lutou toda a vida defendendo a ortodoxia da Igreja e combatendo heresias. Acredita-se que tenha sido o principal responsável pela morte de Hipatia.

Em 415 d.C., quando regressava à sua casa, Hipatia foi atacada por uma turba de cristãos enfurecidos. Foi golpeada, despida e arrastada pelas ruas da cidade até uma igreja. No interior do templo, foi cruelmente torturada até a morte, seu corpo dilacerado, esquartejado e queimado. De acordo com os registros e pesquisas históricas sua morte aconteceu pouco tempo depois de Orestes, prefeito da cidade, ter ordenado a execução de um monge cristão chamado Amonio, ato que enfureceu o bispo Cirilo.

Hipatia exercia forte influência política sobre Orestes, e é bem provável que os fiéis de Cirilo a tivessem escolhido como uma espécie de alvo de retaliação. Neste período, a população de Alexandria era conhecida pela violência; conflitos entre pagãos e cristãos não eram raros e muitas mortes ocorriam de ambos os lados. Muitos especialistas apontam a sua morte como um marco do fim da Antiguidade Clássica.



2 comentários:

  1. Querida amiga

    Não conhecia esta história,
    mas a reconheço em tantas mulheres
    que são impedidas de viverem de modo pleno.

    Como trabalhas com educação
    gostaria de convidá-la
    a conhecer meu outro blog:
    www.sonhosdeumprofessor.blogspot.com.

    Espero que gostes.

    Que haja sempre em ti,
    sonhos por sonhar.

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  2. Bom dia querida amiga,

    Bela história, mais uma onde o fanatismo ultrapassa todos os limites.
    Recebi sim seu telefone e já anotei.
    Queria ter ligado ontem a noite, mas não deu.
    Mas hoje creio conseguir.
    Um grande abraço e muito sucesso na nova jornada.
    Beijos
    Dagui

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